Alma de Galpón

Andressa Luçardo Bueno

domingo, 25 de setembro de 2011

"O Que Realmente me Importa"

Noite linda de primavera aqui na 1ª Capital, Muy Leal y Patriótica Piratini. Meu dia foi de luxo hoje, no lombo da picaça peguei o rumo do Curral de Pedras e pra me fazer costado vieram meus companheiros de vida e lida, Dom Amaral muy bien montado numa baia cabus'negros e da minha irmãzita Luciane Cardoso escramuçando a lobuna "véia". 
Em meio ao caminho muitas coisas se fizeram presentes, desde o causo mais gaúcho e pataqueiro, até a mais triste cena da vaca que deitou-se para trazer mais uma vida e acabou entregando a sua própria, sem mais foças nem consigo mesma. Enquanto muchas cenas de campo vieram nos regalando os olhos em nosso pequeno percurso de 2o e poucos quilômetros, o sol que ainda na saída era alto, ao chegarmos já estava despedindo-se e se escondendo entre um cerro e outro. 
Recepcionados por mais uns dos nossos que já se encontravam por aqui, chegamos ao nosso destino, a propriedade da Dona Lizete Frizzo. Nessa chegada eu, particularmente, me senti muy feliz, em uma condição bem mais elevada do que essa que me encontro; explicando-lhes melhor, me parecia estar naquele tempo em que gostaria de ter nascido, outros tempos, tempos dos bisavôs, das "casa véia"...
Agora estamos todos aqui na beira de um fogo de chão que encontra-se em frente ao galpão grande, limpando a goela nuns tragos de "água benta" e contando uns causos pra lá de campeiros e outros daqueles que deixa uns dos companheiros "cagados", isto, para muitos, é por demais de insignificante, ms para mim e para os meus é de tamanha importância, tão grande que me faz verter da alma inspiração para este relato.
Pois bem, "mirem" com a imaginação o que se assucede por aqui neste momento: lá num canto podemos ver Dom Torrescasana, Taifer e João Vitor charlando entre si, bem na beira das labaredas encontramos Srtª Juliane e Srtª Fernanda mirando as chamas que encandeiam a retinas, recostadas aqui do meu lado enxergo Luciane Cardoso e a moça Julia estiradas num pelego com umas prosas que até Deus desconfia, Humberto parece que mira tudo imaginando os retratos que suas lentes poderiam capturar, e o Dom Amaral como sempre sem paradeiro, atracado num machado lenha e lenha pro fogo. Pra os que imaginaram viram que a coisa por a cá  tá bem à moda antiga. 
Bueno, com permisso me despeço e digo-lhes, que tudo isso me faz um bem indistinguível, minha ment vagueia e enxergo muito além do real, parecendo que os ancestrais aqui se fazem presente. Sou grata, muitíssimo grata por este estado de  espírito em que me encontro.

Já descobri na guitarra

Razões de ser e estar
E percebi de onde vim
Pra onde devo voltar
E que a saudade é um poema
Querendo apenas chorar

Talvez o rancho no povo

Que abriga alma e saudade
Seja um amigo que chora
Velando a minha vontade
De ouvir um grito charrua
Vencendo tempo e cidade

Nas orações de a cavalo

Encontro um pouco de mim
E me aproximo do tempo
Antes de lança e clarim
E peço a Deus guitarreando
Que o campo reze por mim

Ah! se não fosse a guitarra

Razões de ser e estar
Não saberia onde vim
Pra onde devo voltar
Nem que a saudade é um poema
Querendo apenas chorar.


5ª dia de Lua Minguante, Primavera de 2011.


Um comentário:

  1. confesso que pesquisei no google Alma de Galpón querendo encontra uma música do mestre Marenco, e me deparo com seu blog, impossível não parar e passar um bom tempo lendo tudo que escreves, parabéns, tens uma sensibilidade pra expressar as coisas no nosso chão incrível.. parabéns, voltarei mais vezes.. abraços!

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