Alma de Galpón

Andressa Luçardo Bueno

domingo, 13 de novembro de 2011

Classe social não define o caráter de uma pessoa.


Como seria mais interessante se as pessoas fossem o que realmente são não se importando com aparência e prestando mais atenção na sua própria essência, se orgulhassem por seus feitos, pelos feitos dos seus.
O quer mais posso ver e indignada, muitas vezes, preciso conviver é com pessoas arrogantes, hipócritas, que antes de te passar um mate certamente, gostaria de saber se teu sobrenome é reconhecido na sociedade; o mais aborrecedor é ver pessoas que não nasceram assim, tornarem-se medíocres para serem popular.
Quando esses se darão por conta que a classe social não define nosso caráter e que nunca, dinheiro nenhum comprará uma verdadeira amizade. Não tendo vergonha de serem filhos de seus próprios pais, independente do lugar que eles ocupam na tal “sociedade”.
O que sinto em relação a estes pobres de caráter é pena. Porque como se diz, “colhemos o que plantamos”, pois se trata teus companheiros com falsidade e deslealdade, certamente é assim que és tratado meu “amigo”.

"Na vida, não vale tanto o 
que temos, nem tanto importa 
o que somos. 
Vale o que realizamos com aquilo que 
possuímos e, acima de tudo, 
importa o que fazemos de nós!"
(Chico Xavier)

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Cozas Simples no Más


Trago corcoveando no peito uma insistência de mudar o que vivo, não reclamo da minha condição, mas confesso que poderia ser melhor com bem menos... O que chamo de melhor não ter algo a mais de material, vendável ou talvez sim hoje em dia; talvez já tenha se tornado isso.
O que digo é que como me agradaria toda manhã despertar escutando as calhandras, os quero-queros, ouvir o canto das seriemas ecoando na sanga, pro desayuno sevar um mate na beira do fogão a lenha mirando a quinta do oitão das casas e lá enxergar os periquitos furando os frutos para extrair dos mesmos o que há de melhor, avistar de longe a minha parceira cabu’s negros ir ao paiol e encher o embornal de milho para assim chamá-la pra mais um dia de lida, ter sempre no costado uns dois ou três ovelheiros mais que parceiros e buenos pra tirar aquela zebua do mato e trazer as vacas leiteiras pra mangueira no fim da tarde.
Depois de encilhar, dar uma recorrida nas pequenas 20 e poucas hectares que poderia chamar de minhas e/ou ajudar o vizinho capataz da fazenda grande lindeira a recorrer o potreiro dos fundos, volta e meia juntar as ovelhas que se tem pra consumo pra curar alguma bicheira, e separar um capão dos gordos pra sangra no fim de semana, ficar mais que faceira ao ser convidada pra meter uns pialo de toda trança na próxima marcação.
Pois bueno, o que mais vemos é pessoas que nasceram e se criaram deste modo vindo morrer em quartos pobres de vilas, eu, que nasci na vila tentarei começar do fim, estudando e sucessivamente trabalhando muito, para que por fim, como sempre foi do meu agrado, na tardezinha enquanto eu atiçar meus fiéis parceiros pra trazerem as vacas pra mangueira, ficar escutando o ronco simples de um mate na sombra grande de um paraíso ao lado daquele que assim como eu, um dia pensou neste futuro e que o destino fará questão de nos unir.
Espero que o Patrão lá de cima não ache muito este meu pedido e um dia me consceda este luxo de ser simples.


Uns dedos de prosa antes que o tempo nos vença é sempre bom

Certa noite depois de uns dedos de prosa mais do que úteis e necessários com a pessoa mais importante que já cruzou a cancela do parapeito de mi corazón, encontro-me de novo de papel e lápis na mão rabiscando meus pensamentos.
Ouvi coisas que nunca imaginei um dia ouvir, coisas estas, que não me ofenderam de maneira alguma, bem pelo contrário, serviu de conforto, acalanto e acima de tudo serviu-me de conselho; palavras estas que ficarão marcadas na minha paleta a ferro e fogo eternamente. Quando comecei a ouvir coisas que imaginava só eu saber sobre mim, descobri ali que sou muito mais transparente do que pensava ser, que a pessoa que falava além de ser mais do que especial pra mim, me conhecia como ninguém.
Nesta conversa escutei que de pouco adianta eu ir tentando encontrar um alguém pra substituir outro alguém, porque os seres e algumas coisas são insubstituíveis, isto, eu já sabia é claro, mas estava precisando ouvir com atenção e com respeito por quem falava pra conscientizar-me.
Para resumir-lhes, ouvi coisas agradáveis, desagradáveis também, mas indiscutivelmente NECESSÁRIAS... Tudo isso, abriu meus olhos, e me acordou de um sonho que pouco mais adiante iria tornar-se pesadelo e me mostrou que existem coisas maravilhosas na minha vida, que não são importantes somente a mim. E o melhor de tudo, posso executá-las sem prejudicar ninguém e principalmente sem ME prejudicar!
Quando estávamos no fim da tal prosa, escutei assim...
“Olha, Andressa, talvez de pouco vá adiantar eu estar aqui lhe despejando este “balaio de bobagens”, pois tu és uma pessoa que não dá muita importância pra opinião dos outros, age pelo que teu coração acha melhor, e quando não gosta sai e rebenta a corda do bucal, deita o palanque... Não tem doma que chegue a tempo...”
Na hora me calei consentindo com tudo que havia escutado... E agora lhes digo: Esta foi a melhor conversa que tive na minha vida... Agradeço muito a esta pessoa por tudo que me foi dito, e espero ao longo do tempo escutar ainda mais.
Gracias Meu Deus por ter pessoas como essa pra me fazerem costado.

“Bonito não é aquilo que chega transcendendo por possuir belas formas e cores vibrantes. Isso até pode chamar atenção, mas o realmente belo, encantador, que cativa e permanece é aquela beleza rara embora tão pura que por vezes campeamos léguas e léguas e outras vezes basta alguns passitos para encontrarmos logo ali, estiradas nas sombras grandes da mente e do coração. Bonito é o que vem da mente e da alma e o que o coração senti de verdade, isso que é lindo...”


sexta-feira, 30 de setembro de 2011

"Teu Canto é Mais Que Um Canto..."

(Singela e pequena homenagem à Lisandro Amaral)

Teu canto é mais que um canto, letra, melodia e arranjo... Bem mais do que canção, quando escutado com alma, coração e silêncio, torna-se essencial para seus ouvintes, estes que com o tempo acabam percebendo o quanto ouvi-lo é necessário, faz bem e agrada a alma.
A pureza e humildade que conseguimos constatar no seu trabalho são incríveis, emociona, encanta, cria seguidores...
Tornaste-te mais do que um compositor renomado e reconhecido pelo seu belíssimo trabalho, estas hoje sucedendo aqueles grandes, poucos e inesquecíveis nomes que um dia já fizeram o que fazes, já emocionaram e seguem emocionando; e acredite teu canto também se tornará imortal e pra sempre emocionará.
Teu Canto Ancestral, Á Moda Antiga ou de qualquer outra forma torna-se Querência e Caminho e nos mostra muitas Razões de Ser.
A ti Lisandro Amaral, deixo estas simples, porém, honestas e sinceras palavras que brotam em minha alma e florescem em meu coração. Tua arte acalma meus anseios e me faz muito bem, Muchas Gracias!
Com zelo, admiração e respeito,
Andressa Luçardo Bueno.
Piratini, lua nova, 30 de Setembro de 2011.


quinta-feira, 29 de setembro de 2011

“O que passou, passou, mas o que passou luzindo, resplandecerá para sempre.”

Buenos Dias! E que baita dia na 1ª Capital, nada melhor depois de um dia mal costeado, e bruto de ontem, não digo isso pela condição climática, e sim, por me encontrar em uma situação por demais de desagradável. Situação essa que não tinha motivos pra ser formada, mas, como tudo na vida, passou.
E de novo, venho falar em amizade, amigos... Pois no último mês postei um texto que se intitula “Se Um Dos Meus Bota um Pealo Pode Deixar Que Eu Aperto”, pois comigo é bem assim mesmo, pessoas quais eu tirar pra AMIGO com elas vou até o fim. Independente do que tenha acontecido, acontece ou venha acontecer. AMIGO pra mim é mais que irmão, AMIZADE é maior que um laço sanguíneo, é maior que a razão, é amor incondicional, confiança, confidência, cumplicidade, é uma virtude de poucos, muitos nem sabem que isso existe.
Nesse laço, não existe certo ou errado, pois quando somos amigos não estamos ali pra julgar o outro. Tudo bem que nem sempre tudo será “flores”, tem dias que nos deparamos com alguns “espinhos”, mas o melhor que se tem a fazer é dialogar e resolver tudo como irmãos de vida que são. Pode ser que um dia deixemos de nos falar... Mas, enquanto houver amizade, faremos as pazes de novo, afinal nossa amizade sempre vencerá.
Sempre temos uma pessoa entre todos os amigos na qual confiamos mais, e contamos com ela pra tudo e todo. É tão ruim quando essa pessoa não quer te ouvir e coloca motivos bestas pra justificar isso... Pois essa pessoa como todas as outras é única, insubstituível, não tem como deixá-la de lado, não há como esquecê-la. E coisas pequenas, desentendimentos pequenos, que parecem ser insignificantes, tornam-se enormes quando tratados com essa pessoa.
Mas coisas como essa são passageiras e depois do acontecido tornam-se insignificantes, mas não inesquecíveis! Pelo menos pra mim...

Pode ser que um dia deixemos de nos falar... 
Mas, enquanto houver amizade, 
Faremos as pazes de novo. 

Pode ser que um dia o tempo passe... 
Mas, se a amizade permanecer, 
Um de outro se há-de lembrar. 

Pode ser que um dia nos afastemos... 
Mas, se formos amigos de verdade, 
A amizade nos reaproximará. 

Pode ser que um dia não mais existamos... 
Mas, se ainda sobrar amizade, 
Nasceremos de novo, um para o outro. 

Pode ser que um dia tudo acabe... 
Mas, com a amizade construiremos tudo novamente, 
Cada vez de forma diferente. 
Sendo único e inesquecível cada momento 
Que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre. 

Há duas formas para viver a sua vida: 
Uma é acreditar que não existe milagre. 
A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.

Albert Einstein

domingo, 25 de setembro de 2011

"O Que Realmente me Importa"

Noite linda de primavera aqui na 1ª Capital, Muy Leal y Patriótica Piratini. Meu dia foi de luxo hoje, no lombo da picaça peguei o rumo do Curral de Pedras e pra me fazer costado vieram meus companheiros de vida e lida, Dom Amaral muy bien montado numa baia cabus'negros e da minha irmãzita Luciane Cardoso escramuçando a lobuna "véia". 
Em meio ao caminho muitas coisas se fizeram presentes, desde o causo mais gaúcho e pataqueiro, até a mais triste cena da vaca que deitou-se para trazer mais uma vida e acabou entregando a sua própria, sem mais foças nem consigo mesma. Enquanto muchas cenas de campo vieram nos regalando os olhos em nosso pequeno percurso de 2o e poucos quilômetros, o sol que ainda na saída era alto, ao chegarmos já estava despedindo-se e se escondendo entre um cerro e outro. 
Recepcionados por mais uns dos nossos que já se encontravam por aqui, chegamos ao nosso destino, a propriedade da Dona Lizete Frizzo. Nessa chegada eu, particularmente, me senti muy feliz, em uma condição bem mais elevada do que essa que me encontro; explicando-lhes melhor, me parecia estar naquele tempo em que gostaria de ter nascido, outros tempos, tempos dos bisavôs, das "casa véia"...
Agora estamos todos aqui na beira de um fogo de chão que encontra-se em frente ao galpão grande, limpando a goela nuns tragos de "água benta" e contando uns causos pra lá de campeiros e outros daqueles que deixa uns dos companheiros "cagados", isto, para muitos, é por demais de insignificante, ms para mim e para os meus é de tamanha importância, tão grande que me faz verter da alma inspiração para este relato.
Pois bem, "mirem" com a imaginação o que se assucede por aqui neste momento: lá num canto podemos ver Dom Torrescasana, Taifer e João Vitor charlando entre si, bem na beira das labaredas encontramos Srtª Juliane e Srtª Fernanda mirando as chamas que encandeiam a retinas, recostadas aqui do meu lado enxergo Luciane Cardoso e a moça Julia estiradas num pelego com umas prosas que até Deus desconfia, Humberto parece que mira tudo imaginando os retratos que suas lentes poderiam capturar, e o Dom Amaral como sempre sem paradeiro, atracado num machado lenha e lenha pro fogo. Pra os que imaginaram viram que a coisa por a cá  tá bem à moda antiga. 
Bueno, com permisso me despeço e digo-lhes, que tudo isso me faz um bem indistinguível, minha ment vagueia e enxergo muito além do real, parecendo que os ancestrais aqui se fazem presente. Sou grata, muitíssimo grata por este estado de  espírito em que me encontro.

Já descobri na guitarra

Razões de ser e estar
E percebi de onde vim
Pra onde devo voltar
E que a saudade é um poema
Querendo apenas chorar

Talvez o rancho no povo

Que abriga alma e saudade
Seja um amigo que chora
Velando a minha vontade
De ouvir um grito charrua
Vencendo tempo e cidade

Nas orações de a cavalo

Encontro um pouco de mim
E me aproximo do tempo
Antes de lança e clarim
E peço a Deus guitarreando
Que o campo reze por mim

Ah! se não fosse a guitarra

Razões de ser e estar
Não saberia onde vim
Pra onde devo voltar
Nem que a saudade é um poema
Querendo apenas chorar.


5ª dia de Lua Minguante, Primavera de 2011.


sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Uma Prece a Cultura

“Província de São Pedro, República Rio-Grandense, Rio Grande do Sul, assim como preferirem, esse pedaço do mundo onde suas tradições e cultura não são apenas história, é dia-a-dia, é cotidiano, um lugar onde o passado é confundido com o presente, nossa tradição é nossa, sem nenhum um incentivo de outras culturas. Aquilo que é contado nos livros ainda é vivido por muitos e seguirá assim. O contexto cultural gaúcho é diverso, a música, a dança, os costumes, a culinária coisas que não estão só para definir o que um dia foi, são coisas que definem o que é e definirão o que será, pois vivemos cultura. “
Uma das coisas que me encanta por demais é a música nativista, aquela de raiz, e que nos dias de hoje se encontra muito desvalorizada e com pouquíssimo incentivo. Mas, graças a Deus ainda não fez com que isso, que é uma parte da cultura do meu povo, do nosso povo se termine. No momento em que ocorre uma grande festa em comemoração a Semana Farroupilha em todo o Estado e aqui na minha Piratini e tenho o prazer de prestigiar espetáculos maravilhosos merecedores de muitos aplausos, de pessoas que como eu, fazem sua parte para que a nossa cultura não se termine. E infelizmente, nesse meio também se vê, aqueles que somente estão ali por motivos de interesses financeiros pouco se importando com a questão cultural, e estes, ainda abrem a boca pra dizer que estão nesse meio simplesmente por amor “as tradições”. É... Revoltante de se ouvir isso mesmo!
Muitas vezes, quando a cultura gaúcha, é pronunciada na mídia como rádio, televisão, internet é vergonhoso, pois revoltosamente quando chamam alguém para representar nosso estado ao invés de chamarem alguém que saiba realmente o que está representando, chamam esses “gauchinhos de meia pataca” que se quer sabem o que é uma bombacha, nunca encilharam um cavalo, e não tomam nem um chimarrão por medo de queimar a goela!
O que seria da música nativista se não fosse os poucos festivais que ainda existem por aí, onde temos o imenso prazer de satisfazer os ouvidos, escutando algo de fundamento. Estes que passam por diversas dificuldades para que a próxima edição possa sair, tudo isso, por falta de incentivo, de colaboração, de compreensão, e por que não de conhecimento, sabedoria. Mas garanto que se for para organizar qualquer festa com qualquer “Tchê de Merda” pra isso tem incentivo, mas quando o assunto é cultura gaúcha de verdade, a coisa muda de rumo e tudo se torna mais difícil.
Creio que já esteja mais do que na hora de todos que pensam assim como eu não ficarem calados deixando nossa cultura e tudo que ainda temos de bom ir por água baixo. Hoje a internet nos proporciona muitas maneiras de manifesto, que podem contribuir para que saiamos vitoriosos e ilesos dessa nossa Revolução Cultural. O que não podemos é ficar parados e deixar que o pior aconteça.


sábado, 13 de agosto de 2011

Pai

Hoje véspera do dia dos pais, venho escrever algumas simples, porém, honestas e sinceras palavras para homenagear aquela pessoa que para mim todos os dias está de parabéns, o meu Pai, a pessoa que tenho como a  mais importante da minha vida. Não me canso de dizer o quanto amo este Homem, às vezes chego a ser até chata e meus amigos dizem, “a Andressa é a mais puxa saco do pai que eu já vi...” E como eu me orgulho de ser “a Guria do Zé Haroldo”.
Sei que às vezes nos desentendemos nos falamos coisas desagradáveis e que muitas vezes acabam magoando muito, mas qual Pai & Filha que se amam, nunca discutiram?!. Não sei o que seria de mim sem Ele. Como gosto de ouvi-lo contar das suas gauchadas, caçadas, rodeios e tudo mais... Muitas das coisas que faço em minha vida me espelho nele, por admirar muito este Homem que veio de uma família pobre e humilde, mas nunca esqueceu o significado da palavras dignidade e honestidade e soube como nenhum outro passar isso para seus filhos. Às vezes me pergunto, como este Homem que nunca teve a presença de um pai em sua vida sabe ser o melhor Pai do mundo.?!
 Gracias pelos vários conselhos que já me deu e segues me dando, tem vezes não gosto muito, mas depois de 5 minutos no máximo eu entendo que só queres meu bem, meu querido PAI!

“A Lição número 1 eu aprendi com meu pai, quem não sabe pra onde vai não vai a lugar nenhum...”



quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Se Um Dos Meus Bota Um Pealo, Pode Deixar Que Eu Aperto...

Manhã ensolarada do mês de agosto na aqui na 1ª Capital, e me encontro aqui, fazendo um costado pra minha hermazita Nega Lu. Entre um mate e outro, conversamos sobre diversos assuntos e miramos algumas fotografias que nos fazem rir um pouco, e outras em que a nostalgia daquele dia se achega despacito. E penso assim, creio que ela também, quantas coisas já fizemos, quantos momentos já compartilhamos, momentos estes que muitas vezes não foram dos mais agradáveis, mas, sempre quando a outra precisava uma estava ali pra fazer um costado.
Então com a cambona pela metade e o mate já “meia-boca”, começo a pensar, como nós seres humanos, aqueles que a ciência chama de “seres racionais” e que muitas vezes são mais irracionais que meus cavalos, precisamos uns dos outros para ser felizes, e como a presença dos amigos de verdade, aqueles que consideramos irmãos que a vida nos dá o regalo de poder escolher, é de extrema importância em nossa vida. Estes estão presentes sempre, tanto na maior junção pra azarar até a “mãe do badanha”, quanto nas horas mais amargas e complicadas em que às vezes nos encontramos.
Tem vezes que nos magoamos, discutimos, nos desentendemos, brigamos, xingamos, mas nesse caso digo-lhes... Perdoar é preciso, e estes, nossos irmãos escolhidos por nós mesmos, merecem perdão!
Bueno, e  agora, com o mate lavado, sofrenando a nostalgia de alguns momentos que meu coração e memória insistem em recordar com felicidade, meu eu me interroga aqui dentro, é possível viver sem amigos? E ai vem a resposta instantânea, “pra mim, seria impossível.”
E viro o mate lhes dizendo... Para aqueles que me tem como amiga, digo-lhes... Contem sempre comigo!

Se um dos meus bota um pealo, pode deixar que eu aperto... ♪ ♫


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Ainda Esses Dias


Quando paro pra pensar no que já vivi, me sinto voltar a um passado não muito distante, me sinto novamente criança, quando, praticamente todos os finais de semana o 3º distrito de Piratini me esperava de porteiras abertas e a tostada velha piqueteira já conhecia meu chamado e vinha comer no cocho que sacudia campo à fora, que muitas das vezes era cheio de pedras, e me aproveitando de sua mansidão lhe embuçalava e saia em pêlo mesmo, a saludar os visinhos dali. Lembro também que quando chegava a tardezinha, atiçava os dois ovelheiros das confianças de minha avó e eles com uma precisão que lhes falo, traziam as vacas de leite pra mangueira como se tivessem sido treinados para isso.
Essas coisas têm um valor sentimental tão significativo pra mim que às vezes quando recordo lhes digo sem vergonha alguma, me emociono... Como era bom esse tempo em que eu era apenas uma garotinha, não precisa lidar com as controversas diárias que hoje atormentam meus pensamentos, a minha única e exclusiva responsabilidade era com a escola, que hoje digo, “como naquele tempo era fácil”; meu coração era puro e não tivera sido ferido nunca, e hoje, têm feridas que jamais irão cicatrizar me deixando, talvez, uma pessoa mais fria e rude em meus relacionamentos e que muitas vezes, ou na maior parte age pela razão e deixa de lado suas próprias emoções. Mas isso também não quer dizer que ainda não reste uma parte doce e delicada aqui dentro, mas se deve saber por que lado chegar.
Bom, como dizem... Recordar é viver! E sentir saudades é uma prova de que esse meu passado não muito distante valeu a pena, valeu muito a pena.

“Soy lo que soy, siempre llevo lo que fui...”


quarta-feira, 3 de agosto de 2011

E é “Lá Fora”, Que Eu Me Encontro Aqui Dentro

Bueno, com este título que creio eu, muitos irão se identificar que venho hoje escrever o primeiro texto do Alma de Galpón que agora passa ser o lugar onde irei compartilhar algumas coisas “ minhas” com aqueles que quiserem acompanhar.
Na semana passada fiz uma das coisas que mais me gustam, desliguei-me de algumas comodidades que a cidade a tecnologia me proporcionam e fui passar alguns dias pelo interior da campanha, quando digo isso me refiro ao campo. E digo-lhes, é incrível o quanto o ar do campo, o cheiro do suor dos cavalos e do mato faz bem a uma “Pequeña Flor Campeira”. Tive dias de luxo, sem ter a metade das regalias que a casa da vovó e a vida na “vila” me dão.
Acordava cedito, e já ia cevando um mate e me achegando pra beira da lareira que ficava no centro de um galpão, e ali, posso lhes dizer, tinha como descrever a verdadeira “Alma de un Galpón”. Enquanto mateava e aquecia até a alma na beira daquele fogo mirava lejos e podia ver a cordeirada quase encarangando, os terneiros que ainda cedo foram apartados de suas mães se criando naqueles descampados entre um banhado e outro, como era lindo de se ver os tarrãs, as garças, os joão-grandes habitando aquele espaço que tem eles e somente eles como verdadeiros donos, sem falar nas horas em que os bandos de capincho ligeiramente apareciam e mais ligeiro ainda se atiravam no banhado ao avistar um indivíduo.
Isto é o que realmente me encanta e me atrai...
É incrível como a simplicidade e ingenuidade do campo me acolhem tão bem, acho que o meu lugar é lá.
Me fez bem conhecer um pouco do interior da cidade de Rio Grande.
E por hoje é só, termino com o trecho de uma composição daquele que com suas palavras, miutas vezes faz sentir-me “lá fora”...
“...Quem nasceu para ser perro,
Cimarrón cresce e caminha...
Pelo ouriçado de tempo
Com cicatrizes da rinha
Já que o rigor me rengueia
E ando longe do estrivo
Vou encerrar-me no canto
Onde adormeço inda vivo...”
Feito Alpargata- Lisandro Amaral